sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Liberdade, igualdade e fraternidade manchada de sangue sob a lua crescente

       Uma sexta feira 13 que ficará na memória dos franceses e de todo o mundo, eu não pretendia escrever nada sobre este acontecimento, mas sinto uma obrigação pesada pelo fato de ser um historiador. 
       A França ainda com feridas abertas do ataque terrorista ao jornal Charlie Hedbo tem novamente que viver a sombra do terrorista e do jihadismo, o país que é a casa do Iluminismo, da Liberdade, da Igualdade e Fraternidade hoje vive novamente o "Regime do Terror", mas dessa vez não existe um Robespierre para ser guilhotinado e nem um Napoleão Bonaparte e seu cavalo branco pra iluminar a cidade luz.
       As imagens chocantes de hoje, o comunicado pesado feito pelo presidente francês  após ir a um dos locais atacados pelos terroristas apenas evidenciam os horrores que os habitantes da Síria e Iraque já vivenciam a mais de dois anos. Entretanto, dessa vez não o sangue não escorreu nas areias quentes do Oriente Médio, foi pelas calçadas das ruas de Paris. 


Se a foto acima foi bem analisada, conseguimos achar facilmente as cores da bandeira francesa nela

       A impressão que esse dia me deixou é de que novamente a humanidade é alertada da barbárie do Estado Islâmico. Tudo bem, eles não assumiram a autoria do ataque, não tem certeza se foram eles e bla bla bla. Mas é indiscutível que o assunto ISIS até então era tratado pela imprensa como um problema sério, mas colocado no modo no silencioso, igual a um celular com um toque histérico, todo mundo sabia que ele tava ali fazendo massacres, destruindo monumentos e cidades históricas e varrendo do mapa minorias religiosas, mas isso acontecia apenas no Oriente Médio, na Síria que esta em guerra, no Iraque que tá em guerra e né o Oriente Médio vive em guerra, então não tem porque sacar as armas. Mas contradizendo Karl Marx a mais de um século atrás, " A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa...", nesse caso tivemos uma nova tragédia, 
       Em contra partida, a  França tem nos últimos anos implantado uma política que gera margem pro fundamentalismo islâmico, quem não se lembra da lei de Sarkozy, implantada em 11 de abril de 2011, que proibia o uso da Burqa ou do Niqab  (vestimentas femininas tradicionais do Islamismo) em público, afirmando que é uma questão de respeito ao Estado Laico e direito das mulheres e bla bla bla (não levando em consideração que muitas mulheres usam as tais vestimentas pois consideram uma forma de respeito a religião que seguem). E quem não se lembra das charges do próprio jornal sátiro Charlie Hebdo do Profeta Maomé? Ai pensamos, mas poxa e a liberdade de imprensa e o senso de humor e tal.... mas e o desrespeito a religião Muçulmana, e os chargistas sabiam que era um desrespeito, pois os muçulmanos não cultuam e nem fazem imagem do Profeta , então a charge foi feita exatamente pra ser um desrespeito. Não estou querendo de maneira nenhuma defender e nem justificar, apenas citando fatos que geram possibilidade pro fundamentalismo religioso. Nada justifica o ocorrido em janeiro e o ocorrido hoje, mas da um tapa na cara dos lideres mundiais para tratar o Estado Islâmico como o câncer atual do mundo, como a soma de todo o mal plantado no Oriente Médio durante os últimos 50 anos.
       Os Estados Unidos não querem enviar soldados para combate-los pois acabaram de conseguir se livrar do buraco sem fim que foi o Iraque ( não apenas tropas americanas, tropas inglesas, francesas e alemãs também lutaram). Mas foi exatamente pela intervenção no Iraque e pela tentativa de derrubar o ditador sírio Bashar Al Assad, que deu vida do Estado Islâmico. Foi o vazio político e militar deixado no Iraque após a saída das tropas americanas em 2011 e das tentativas de derrubar o regime de Damasco, naquela onda da "Primavera Árabe" em 2011, que se alimentou e se fundou o Estado Islâmico e se fortaleceu agregando fundamentalistas do mundo inteiro para suas fileiras. 
O mais triste é que na resultante , as pessoas que sofrem e morrem são inocentes, são os Curdos que habitavam o Iraque, é o arqueólogo que era  a mais de 20 anos responsável pelas pesquisas na cidade milenar de Palmira ( foi enforcado por esconder pesas milenares quando soube que os fundamentalistas estavam chegando a cidade), são os jovens de hoje que estavam curtindo um show de rock numa casa noturna em París, os turistas que estavam provando a conceituada culinária francesa e na verdade provaram o amargo e eterno gosto de um tiro de fuzil  kalashnikov. Hoje a pátria da Liberdade, igualdade e fraternidade foi manchada de sangue sob a lua crescente.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Minha finalmente crítica sobre "Narcos" (spoiler alert)




      


       Desde que eu soube deste projeto envolvendo a dupla Padilha-Moura fiquei contando os dias pra finalmente fazer aquela maratona de Netflix, quando eu soube que Wagner Moura iria interpretar nada mais e nada menos que Pablo Escobar, minha reação foi essa:



       Esperei ansiosamente pela sexta feira, 28 de agosto de 2015 para chegar em casa e assistir a esperada, aguardada com um longo período de seca de séries (mentira). Mas antes, decidi olhar a nota que a série estava no IMDB, e me deparei com isso:



       E claro, minha reação novamente foi essa;




       Chega de enrolação e vamos logo a minha opinião (essa rima foi acaso do destino). Sou totalmente suspeito pra falar de séries e filmes policiais envolvendo caçadas a chefões do crime, mafiosos e etc... porque sou totalmente apaixonado por esse mundo, ainda mais com uma temática histórica.  
       A série me surpreendeu logo de cara, pois acreditei que ela ia mostrar o início da vida criminosa de Pablo Escobar e a maldade dele ia crescendo gradativamente no decorrer da série. Mas não, ela já começa com um tiroteio numa boate e em Pablo colocando um prêmio na cabeça de um agente do DEA. E claro, minha cara novamente foi a do gato ali em cima.
       O toque de José Padilha é tão claro na direção e produção (apenas os dois primeiros episódios são dirigidos por ele) quanto o produto comercializado por Pablo. Assim como em Tropa de Elite, a série também é narrada em terceira pessoa, nesse caso pelo agente americano do DEA, Steve Murphy (interpretado perfeitamente por Boyd Holbrook), muito semelhante a narração do capitão Nascimento em Tropa de Elite, mas voltarei as semelhanças mais tarde.


       A série foca no surgimento do Império da cocaína na Colômbia, (achei demais isso) até o surgimento do poderoso Cartel de Medellín. E Pablo já é apresentado como um contrabandista respeitado na região, que conhece as rotas e já suborna os policias, até que depois é apresentado a Cocaína e lá ele acha o amor de sua vida e seu ganha pão, muitooo pão. 

       Algo que acho fantástico na Netflix, e venho percebendo isso desde House of Cards e depois se confirmou quando assisti Marco Polo e Sense8, é a originalidade das séries, em tentar fazê-la o mais perfeito possível, o mais próximo da realidade. A começar pela história sempre ser na língua onde se passa a história, em Marco Pólo muitas das falas é feito em italiano e em Mongol ( o próprio ator principal é um italiano- nada mais justo) e em Sense8, nas cenas em Berlim se falava o alemão, na Índia, se falava em indiano, e assim por diante. E em Narco não é diferente, a série foi narrada em Inglês ( uma espécie de série - documentário) mas as falas eram em espanhol, e claro o protagonista é um sul-americano.


       Vamos a atuações, a começar pelo nosso peixe. a atuação de Wagner Moura como o Patrón, foi cirúrgica, muito críticada por seu espanhol não ser perfeito, mas vale lembrar o seguinte, é o primeiro papel de Wagner Moura falando em espanhol, e inteiramente em espanhol. E além disso, todo mundo sabe da dificuldade que qualquer brasileiro tem em falar espanhol perfeitamente. Voltando, Wagner Moura mostrou o Escobar de maneira fria, com olhar em muitas vezes depressivo (algo que acho marcante na atuação dele) e vale ressaltar a mudança física, 20 Kg mais gordo. Os diálogos recheados de frases de impacto (que me fazem ter flash back's mentais de Walter White em Breaking Bad), logo no primeiro episódio ele já solta a famosa frase: "Plata o plomo" - dinheiro ou chumbo, uma espécie de lei marcial imposta na Colômbia reinada por Escobar, os ataque repentinos de raiva, a aparência que até faz que ele pareça um homem normal , como se levasse o narcotráfico e toda maldade que ele comete como um simples trabalho e ganha pão (novamente me lembra de Walter White, com mais sangue frio). Provavelmente o personagem que Wagner fez neste Escobar não é idêntico ao verdadeiro Pablo Escobar (os colombianos por exemplo não gostaram nada e afirmaram que a série nacional - Pablo Escobar: O senhor do crime- exibido no canal Globosat- é melhor do que a mega produção da Netflix) mas ele apresenta um Escobar genial, que em vários momentos oscila entre o bem e o mal, entre o Robin Hood dos desvalidos e o Patrón, chefe do Cartel mais temido da história, e tudo isso, graças a geniosa atuação de Wagner Moura num personagem fantástico.

    
   
       Outras duas atuações que me surpreenderam foi a Boyd Holbrook e Pedro Pascal, o primeiro interpreta o personagem narrador da série, o agente encarregado da captura de Escobar e que passa a ter isso como missão. Os únicos papéis que eu tinha visto dele tinha sido em "Noite sem fim" e em "Caçada Mortal" e não dava muitos créditos a ele, mas a evolução dele pra interpreta o agente Steve Murphy foi enorme, ele de fato incorpora o agente boa praça que passa a usar métodos radicais pra caçar Escobar, e seu personagem casou bem com o ator que interpreta o seu parceiro, Javier Penã (Pedro "Oberyn Cabeça Blooom Martell" Pascal), que é o legítimo agente burucutu, algo que faz lembrar o Oberyn, além de seu gosto por prostitutas. E já citando ele, que atuação suprema  e também casa-se bem o Escobar de Wagner Moura,


       Voltando a série, eu sabia que o Escobar não morreria no final, pois já tinha conhecimento que seriam duas temporadas, o que mais me surpreendeu foi a intensidade dos episódios, é pauleira atrás de pauleira, faca na caveira como diria o Capitão Nascimento. É literalmente a caça a Escobar. 
       Se fossemos fazer uma comparação direta com o Tropa de Elite, Steve Murphy estaria sendo o Capitão Nascimento e Pablo Escobar estaria sendo o Baiano.
       A série poderia ser mais mais violenta, afinal é o cara que botou fogo na Colômbia, o criminoso que sempre tava 20 passos na frente da polícia e do DEA, o cara que explodiu um avião pra matar um candidato a presidente,  o cara que fez criar o termo "Narco-terrorismo", mas provavelmente, se tivesse mais sangue, iria ser visto como um ponto negativo.
       A série superou minhas expectativas e já é (junto com Game of Thrones) uma das melhores que séries que estou assistindo. (Breaking Bad ja está no Hall da fama, porque já acabou) e realente faz valer os 9,3 do IMDB.      
       

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

4 motivos pra você acordar de mau humor de manhã!

       Pra quem estava com saudades dos meus devaneios, uso uma citação de um organismo cibernético enviado do futuro:  I'm back, aos que não sentiram falta, ficaram com a minha simples cara de Sheldon Cooper :


      E pra voltar em grande estilo, nada melhor do que minhas famosas(#nemtanto) listas. Eu poderia listas 599.999.999,99 motivos pra odiar acordar cedo, mas vou listar apenas 4, porque estou com preguiça:

4- Simplesmente acordar cedo

Dormir é uma arte milenar, herdada dos povos paleolíticos, não apenas uma necessidade, interromper uma obra de arte, logo no seu momento mais importante (entre as 06:00 e as 07:00 da manhã) é uma ofensa, e pra quem pensar em ter a audácia de falar a frase: "deus ajuda quem cedo madruga", numa boa, me deixa dormir que já vai ajudar bastante. 
 

3- Trânsito infernal pra ir trabalhar

Não basta acordar cedo, atrasado e de mau humor, no meio do caminho você vai se deparar com um cortejos fúnebre de anões, uma tropa de trolls, uma boiada invadindo a pista, mulheres dirigindo comendo faixa enquanto fazem a maquiagem e falam mal de alguém aleatório e pior de tudo, os motoristas de domingo que decidiram ir trabalhar de carro ( motorista de domingo é aquele ser que anda a 50-60 km/h na faixa da esquerda, não sai da sua frente pra ultrapassagem, demora 3 horas e 29 minutos pra arrancar no sinaleiro e passam a 20km/h no radar/ lombada eletrônica).



2-  Você vai encontrar alguém esbanjando alegria 

Você vai estar de mau humor, estressado e vai chegar aquele ser falando: Bommm dia Mundo, Bomm dia Brasil,  Bom diaaa Curitiba,  bommm dia amiguinhos, e logo de manhã você vai jogar café na cara de um coleguinha.



1- Acordar cedo para trabalhar

Você não acorda cedo pra ir caçar patos no Alaska, pra ir saltitar nas Savanas africanas e nem pra ir nadar no lago Ness, acorda pra ir trabalhar, pra abrir sua caixa de e-mails e ter 599  respostas pendentes, ou seja.... preferia ir acordar cedo pra ir voltar a dormir.