sábado, 2 de janeiro de 2016

Um trisco de cinema: Edukators (Os educadores)

       Não, eu não abandonei meu blog. Pra alegria de alguns e tristeza de outros, eu ainda tenho um prazer oculto ( pra não dizer aquela "palavra" com T) em escrever, falar mal, criticar e desvaneiar ( sim, eu inventei essa palavra) sobre tudo um pouco.
       Todo mundo que ja viu meu blog apenas uma vez, já percebeu que sou um amante da sétima arte, então eu estava pensando, porque não fazer criticas sobre os filmes que assisto e dar nota num estilo diferente. (Você vai ver no final). Enfim, vamos ao que importa. 
       Comentei com um colega de trabalho que o filme "Adeus, Lênin"" (Good bye  Lenin -2003) era ótimo e que eu era um fã do Daniel Brühl, e ele logo me indicou esse filme: The Edukators (Os educadores - 2004), pois tinha ele como principal personagem, era um filme espetacular e com um final arrebatador. Fiquei com aquela curiosidade científica (claro, aham)  misturado com a preguiça básica de baixar e procurar a legenda, que por ser um filme alemão é tudo mais complicado (ainda tenho hematomas emocionais da dificuldade de achar a legenda para "Adeus, Lênin"), mas consegui  pular todos esse obstáculos e assistir logo o filme. 
       O meu colega de fato estava certo, o filme é simplesmente/estupendamente/categoricamente/ energeticamente... lindo. Ao terminar fiz uma reflexão, que não faço desde de que assisti "Na Natureza Selvagem" e fiquei com um sentimento de culpa.




       No filme, dois jovens amigos: Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) moram juntos e durante a noite eles invadem as casas de pessoas ricas, porém não roubam e nem quebram nada, apenas mudam os móveis de lugar e deixam um mensagem: "Seus dias de fatura estão contados", "Vocês tem muito dinheiro". A ideia deles é invadir o conforto das pessoas ricas, que tem dinheiro de sobra, deixar uma sensação de insegurança,  plantar uma ideia na mente deles, se realmente pensarmos e nos colocarmos no lugar das "vítimas", realmente é algo amedrontador. E eles não fazem isso de palhaçada, tem um ideal revolucionário por trás de tudo isso, um ideal com pé direito encostado no anarquismo, visto que eles consideram essas pessoas ricas, com bens acumulados como nocivas, como colonizadoras do sistema. 
      


       O filme faz uma crítica a passividade das pessoas e faz um questionamento antropológico sobre o lugar e a atitude do homem em seu contexto social, a falta de interesse das pessoas em ter mudanças mais profundas na sociedade. Em certo ponto faz uma crítica ao fato das pessoas perderem demais o seu tempo vendo televisão, não sobrando tempo para ser revolucionário e de pensarem de que tudo que eles poderiam fazer, ja foi feito. Ao longo do filme,  algumas frases marcantes são ditas, como por exemplo: "Todo coração é uma célula revolucionária", "...as melhores ideias sobrevivem", "As drogas sufocam a energia revolucionária da juventude"
       No decorrer da trama, os jovens acabam invadindo uma casa e sendo surpreendidos pelo dono da residência e sem ter uma solução pensada para o problema, eles decidem sequestra-lo e levar a um cativeiro afastado da cidade, sendo neste local que os diálogos mais impactantes acontecem, pois eles não sabem como resolver a situação, acabam sendo vítimas da própria vítima que eles sequestraram e acabam dialogando bastante com o dono da residência, Hardenberg (Burghart Klaubner), que também era quando jovem um revolucionário,  porém com o decorrer da vida, acabou sendo "engolido pelo sistema" que ele combatia.
       Quando eu terminei de ver o filme, a sensação que me tomou foi a mesma de Hardenberg, eu fui engolido pelo sistema, talvez só o fato de ter tido esse pensamento, mostra que ainda não cheguei a esse ponto, mas a duvida permanece. Mesmo eu tendo vindo de uma formação humana no curso de história, a passividade acaba destruindo o pensamento revolucionário, assim como as drogas, será esse o ponto que temos que combater?
       Assim como os jovens do filme invadiam as casas dos ricaços e mudavam apenas os móveis de lugar, o filme mexe com nossa mente e muda alguns pensamentos de lugar, não deixa um sentimento de insegurança, mas deixa uma pergunta:  O nosso pensamento revolucionário foi sufocado?






Nota: uma garrafa cheia de café