quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Minha finalmente crítica sobre "Narcos" (spoiler alert)




      


       Desde que eu soube deste projeto envolvendo a dupla Padilha-Moura fiquei contando os dias pra finalmente fazer aquela maratona de Netflix, quando eu soube que Wagner Moura iria interpretar nada mais e nada menos que Pablo Escobar, minha reação foi essa:



       Esperei ansiosamente pela sexta feira, 28 de agosto de 2015 para chegar em casa e assistir a esperada, aguardada com um longo período de seca de séries (mentira). Mas antes, decidi olhar a nota que a série estava no IMDB, e me deparei com isso:



       E claro, minha reação novamente foi essa;




       Chega de enrolação e vamos logo a minha opinião (essa rima foi acaso do destino). Sou totalmente suspeito pra falar de séries e filmes policiais envolvendo caçadas a chefões do crime, mafiosos e etc... porque sou totalmente apaixonado por esse mundo, ainda mais com uma temática histórica.  
       A série me surpreendeu logo de cara, pois acreditei que ela ia mostrar o início da vida criminosa de Pablo Escobar e a maldade dele ia crescendo gradativamente no decorrer da série. Mas não, ela já começa com um tiroteio numa boate e em Pablo colocando um prêmio na cabeça de um agente do DEA. E claro, minha cara novamente foi a do gato ali em cima.
       O toque de José Padilha é tão claro na direção e produção (apenas os dois primeiros episódios são dirigidos por ele) quanto o produto comercializado por Pablo. Assim como em Tropa de Elite, a série também é narrada em terceira pessoa, nesse caso pelo agente americano do DEA, Steve Murphy (interpretado perfeitamente por Boyd Holbrook), muito semelhante a narração do capitão Nascimento em Tropa de Elite, mas voltarei as semelhanças mais tarde.


       A série foca no surgimento do Império da cocaína na Colômbia, (achei demais isso) até o surgimento do poderoso Cartel de Medellín. E Pablo já é apresentado como um contrabandista respeitado na região, que conhece as rotas e já suborna os policias, até que depois é apresentado a Cocaína e lá ele acha o amor de sua vida e seu ganha pão, muitooo pão. 

       Algo que acho fantástico na Netflix, e venho percebendo isso desde House of Cards e depois se confirmou quando assisti Marco Polo e Sense8, é a originalidade das séries, em tentar fazê-la o mais perfeito possível, o mais próximo da realidade. A começar pela história sempre ser na língua onde se passa a história, em Marco Pólo muitas das falas é feito em italiano e em Mongol ( o próprio ator principal é um italiano- nada mais justo) e em Sense8, nas cenas em Berlim se falava o alemão, na Índia, se falava em indiano, e assim por diante. E em Narco não é diferente, a série foi narrada em Inglês ( uma espécie de série - documentário) mas as falas eram em espanhol, e claro o protagonista é um sul-americano.


       Vamos a atuações, a começar pelo nosso peixe. a atuação de Wagner Moura como o Patrón, foi cirúrgica, muito críticada por seu espanhol não ser perfeito, mas vale lembrar o seguinte, é o primeiro papel de Wagner Moura falando em espanhol, e inteiramente em espanhol. E além disso, todo mundo sabe da dificuldade que qualquer brasileiro tem em falar espanhol perfeitamente. Voltando, Wagner Moura mostrou o Escobar de maneira fria, com olhar em muitas vezes depressivo (algo que acho marcante na atuação dele) e vale ressaltar a mudança física, 20 Kg mais gordo. Os diálogos recheados de frases de impacto (que me fazem ter flash back's mentais de Walter White em Breaking Bad), logo no primeiro episódio ele já solta a famosa frase: "Plata o plomo" - dinheiro ou chumbo, uma espécie de lei marcial imposta na Colômbia reinada por Escobar, os ataque repentinos de raiva, a aparência que até faz que ele pareça um homem normal , como se levasse o narcotráfico e toda maldade que ele comete como um simples trabalho e ganha pão (novamente me lembra de Walter White, com mais sangue frio). Provavelmente o personagem que Wagner fez neste Escobar não é idêntico ao verdadeiro Pablo Escobar (os colombianos por exemplo não gostaram nada e afirmaram que a série nacional - Pablo Escobar: O senhor do crime- exibido no canal Globosat- é melhor do que a mega produção da Netflix) mas ele apresenta um Escobar genial, que em vários momentos oscila entre o bem e o mal, entre o Robin Hood dos desvalidos e o Patrón, chefe do Cartel mais temido da história, e tudo isso, graças a geniosa atuação de Wagner Moura num personagem fantástico.

    
   
       Outras duas atuações que me surpreenderam foi a Boyd Holbrook e Pedro Pascal, o primeiro interpreta o personagem narrador da série, o agente encarregado da captura de Escobar e que passa a ter isso como missão. Os únicos papéis que eu tinha visto dele tinha sido em "Noite sem fim" e em "Caçada Mortal" e não dava muitos créditos a ele, mas a evolução dele pra interpreta o agente Steve Murphy foi enorme, ele de fato incorpora o agente boa praça que passa a usar métodos radicais pra caçar Escobar, e seu personagem casou bem com o ator que interpreta o seu parceiro, Javier Penã (Pedro "Oberyn Cabeça Blooom Martell" Pascal), que é o legítimo agente burucutu, algo que faz lembrar o Oberyn, além de seu gosto por prostitutas. E já citando ele, que atuação suprema  e também casa-se bem o Escobar de Wagner Moura,


       Voltando a série, eu sabia que o Escobar não morreria no final, pois já tinha conhecimento que seriam duas temporadas, o que mais me surpreendeu foi a intensidade dos episódios, é pauleira atrás de pauleira, faca na caveira como diria o Capitão Nascimento. É literalmente a caça a Escobar. 
       Se fossemos fazer uma comparação direta com o Tropa de Elite, Steve Murphy estaria sendo o Capitão Nascimento e Pablo Escobar estaria sendo o Baiano.
       A série poderia ser mais mais violenta, afinal é o cara que botou fogo na Colômbia, o criminoso que sempre tava 20 passos na frente da polícia e do DEA, o cara que explodiu um avião pra matar um candidato a presidente,  o cara que fez criar o termo "Narco-terrorismo", mas provavelmente, se tivesse mais sangue, iria ser visto como um ponto negativo.
       A série superou minhas expectativas e já é (junto com Game of Thrones) uma das melhores que séries que estou assistindo. (Breaking Bad ja está no Hall da fama, porque já acabou) e realente faz valer os 9,3 do IMDB.